Agosto 2017
(Ano A)
“À vossa direita se
encontra a rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir” (Sl 44)
“Ela é a aurora e a
imagem da Igreja triunfante, ela é sinal de consolação e
de esperança para o
vosso povo peregrino”
Ao declarar Maria
“elevada ao Céu em corpo e alma”, Pio XII referia-se à pessoa inteira. Depois
da sua vida terrena, a “Cheia de graça” ficou “Cheia de glória”. Toda de Deus
na sua origem, toda assumida por Deus na sua plenitude.
A Assunção constitui
um hino à vida e à esperança... A
existência de Maria, como a de cada cristão, é um caminho que tem uma meta
específica, um futuro já traçado: a vitória definitiva sobre o pecado e sobre a
morte, e a comunhão plena com Deus em Jesus Cristo. Contemplando Maria elevada
em corpo e alma ao Céu, compreendemos melhor que a nossa vida, apesar das
provações e dificuldades, corre como um rio para o oceano divino, para a plenitude
da alegria.
Livre dos limites do
tempo e do espaço, Maria torna-se Mãe universal e onipresente. Pode, assim,
realizar em plenitude a sua função materna: estar junto de cada filho sem
deixar de estar, simultaneamente, ao lado de todos os seus filhos. Torna-se
verdadeiramente nossa conterrânea e nossa contemporânea.
Já não é somente de
há dois milênios, mas de hoje e para sempre. Não tem sepulcro em nenhum sítio,
mas santuários por toda a parte. No mesmo dia em que a festejamos num lugar,
podemos celebrá-la noutro sob a mesma ou diferente invocação.
O Espírito Santo
invadiu todo o seu ser, encheu-o de energia divina. Agora a sua maternidade
estende-se ao universo inteiro. Influi no Mundo e na Igreja com uma força que
emana da sua pessoa glorificada. Não substitui o Espírito Santo, mas serve-lhe
de “auxiliar”, como serviu de “auxiliar” a Cristo para que Ele viesse ao mundo.
Obtém-nos as bênçãos de Deus Pai e apresenta-lhe as nossas súplicas e
necessidades.
Fixada no estado de
plena felicidade junto de Deus, Maria aponta-nos a meta para a qual tende a
nova criatura que começamos a ser no dia do Batismo. Atesta que “os novos céus
e a nova terra” já existem nela e se vão apoderando progressivamente de nós.
Ao ser proclamado o
dogma da Assunção, em 1950, houve duas reações opostas. Algumas pessoas,
preocupadas em refazer o mundo das ruínas provocadas pela Segunda Guerra
Mundial, perguntavam com estranheza e perplexidade: que significa isto? Numa
altura em que urge reconstruir a Terra, a Igreja manda-nos erguer os olhos para
o Céu?
Em vez de nos
mobilizar para a batalha contra a destruição e a dor, acrescenta um ponto mais
de evasão e alienação, arrebatando-nos para o pensamento da felicidade futura?
Outros, porém, viram
na definição dogmática uma forte mensagem de vida e esperança, uma espora para
trabalharmos na construção do mundo novo. A reação mais inesperada veio de
homens da ciência não católicos. A Escola de Psicanálise de Zurique, com Jung à
frente, exprimiu-se de maneira entusiástica: Que genial resposta da Igreja ao
desprezo da pessoa humana, ao horror que se verificou nos campos de concentração
nazista! Que formidável réplica ao cinismo da manipulação da vida humana em
determinadas experiências científicas! Que estupendo contraponto ao pessimismo,
que tantas vezes leva ao suicídio!
A glorificação de
Maria é um convite ao compromisso ativo por um mundo melhor. A crença na vida
eterna não provoca o desinteresse da vida presente, antes nos impele a preparar
com maior ardor a matéria do Reino dos Céus. Quem acredita no Céu sente-se mais
obrigado a empenhar-se na transformação das realidades terrestres. Alguém
definiu a esperança como “a antecipação militante do futuro”. A esperança
redobra a nossa vontade de viver e de lutar.
O verdadeiro crente
vive um humanismo integral, o do Evangelho. Não se pode promover o ser humano
em todas as suas dimensões nem servi-lo plenamente, se o não projetarmos para o
seu destino eterno. Lá do seu estado de Mulher glorificada em corpo e alma,
Maria chama-nos, acena-nos. Para nós, seres de alma e corpo, torna-se o “grande
sinal”. “Ela é a aurora e a imagem da Igreja triunfante, ela é sinal de
consolação e de esperança para o vosso povo peregrino”.
Nossa
Senhora do Evangelho - Abílio Pina Ribeiro
PROPÓSITO DO MÊS
Meditar e refletir
“A glorificação de Maria é um convite ao compromisso ativo por um
mundo melhor. A crença na vida eterna não provoca o desinteresse da vida
presente, antes nos impele a preparar com maior ardor a matéria do Reino dos
Céus.”
INTENÇÃO MENSAL
Oferecimento da
oração do Santo Terço, “Pelos artistas do nosso tempo, para que, através das
suas obras, ajudem todas as pessoas a descobrir a beleza da criação” (Papa
Francisco – agosto 2017)
Para aprofundar:
Nossa Senhora do
Evangelho “Fazei o que Ele vos disser” - Abílio Pina Ribeiro
*A obra que ilustra
o Tema Mensal agosto 2017, “Nossa Senhora da Assunção” é de Peter Paul Rubens (1577-1640).
(M.C.V.F.)
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